sábado, 12 de julho de 2008

"Ossos" do ofício

Dia 6 de Julho, 2008, Rio de Janeiro, Brasil, Bairro da Tijuca.
E mais uma vez a cidade Maravilhosa se torna amarga, azeda com um episódio lamentável, envolvendo uma criança, seu irmão, sua mãe e policiais da cidade do Rio de Janeiro. Poderia ser qualquer pessoa, qualquer pessoa comum ou uma autoridade...
A Polícia brasileira, principalmente a do Rio de Janeiro, é também uma vítima da violência urbana nossa de cada dia. O Estado como refém constante da insegurança e do medo, forçam seus homens da lei a cometerem atos desse tipo, que por melhor das intenções, levaram homens que trabalham para garantir a segurança das pessoas, a cometerem um erro que custou a vida de uma criança e por pouco não causou uma tragédia maior. Todas as pessoas, no frenesí das notícias, desabafam seus lamentos e suas indignações pessoais. Eu tenho filhos e poderia ter acontecido com um deles também, porém, não devemos esquecer que os policiais honestos e que saem de casa na madrugada para trabalhar em defesa da população, escondendo sua farda para não ser reconhecido como policial pelos bandidos, esses também tem filhos e teme pelos mesmos. Imaginem a tensão no momento de uma perseguição policial ou de um informação sobre uma fuga após cometer um crime de bandidos, a polícia automaticamente passa a se resguardar em defesa deles para que assim, possam defender a população. É praticamente impossível no momento de uma abordagem como essa, manter a cabeça fria para se aproximar do veículo e dar ordem de prisão a quem estiver dentro dele. Claro que os policiais foram negligentes, impulsivos, mas isso é consequência de um dia-a-dia conturbado, onde um Estado falido em matéria de segurança não oferece a seus policiais o mínimo de condições psicológicas para enfrentarem um momento como esse. A logística da polícia, está bem aquém da dos bandidos, não vamos cobrar desses miseráveis que pelas imagens das câmeras de um circuito de segurança de uma rua, estavam visivelmente apavorados com a situação. Pelo movimento feito pelos policiais, dá pra se vê que os mesmos se comportavam de uma maneira insegura, tendo a certeza de que se ali, dentro daquele veículo estivessem bandidos bem armados como é de praxe, eles, coitados, hoje, com certeza estariam mortos. Não estou aqui defendendo babaria e nem apoiando atos de natureza covarde e inconsequente, mas estou afirmando que a culpa de tudo isso é do Estado que na sua impotência administrativa; na sua submissão diante das forças do crime organizado, deixa muito a desejar em matéria de segurança pública. Será que alguém acha mesmo que um policial sabendo que eram duas crianças ali dentro do carro, teriam atirado? eu, pessoalmente acho que não. As razões serão conhecidas com certeza e eu espero que o Estado em sua totalidade se digne a desenvolver o seu papel de defender o cidadão dando condições e salários dignos a seus policias para que os mesmos realizem seu trabalho com pelo menos o mínimo de dignidade.