quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Estudantes protestam em Londres contra aumento de taxas em universidades

Manifestastes invadem sede do Partido Conservador, colocam fogo em cartazes e entram em confronto com a polícia

Milhares de estudantes e professores participam nesta quarta-feira de um protesto no centro de Londres contra um projeto que pode triplicar o preço das anuidades das universidades e cortar subsídios universitários na Inglaterra. Segundo a União Nacional de Estudantes do país, 45 mil pessoas participam das manifestações.
Alguns manifestantes invadiram a sede do Partido Conservador - que assumiu o poder em maio na Grã-Bretanha -, puseram fogo em cartazes diante do local e entraram em confronto com a polícia, segundo relatos de repórteres da BBC no local. Em outras partes da cidade, a marcha corria de forma pacífica.O plano governamental é cortar o orçamento para a educação superior em até 40%, e eliminar as bolsas para professores, salvo as de ciência e matemática. Outros custos devem passar a ser financiados pelo aumento nas anuidades, que seriam elevadas a partir de 2012.
O piso das anuidades passaria de 3.290 libras (R$ 8,9 mil) para 6 mil libras, e algumas universidades poderiam cobrar até 9 mil libras em "circunstâncias excepcionais" - se oferecem, por exemplo, bolsas e programas que incentivassem estudantes mais pobres a cursá-las. Segundo autoridades, o novo sistema é mais "justo".
'Hipocrisia'
O vice-premiê britânico, Nick Clegg, foi acusado no Parlamento de hipocrisia, já que, na campanha eleitoral, seu partido (Liberal Democrata, da coalizão governista) se opôs aos aumentos nas anuidades. Clegg argumentou que os trabalhistas, agora na oposição, é que não criaram uma política de subsídios para as universidades.
Aaron Porter, presidente da união de estudantes, queixou-se que "o governo está pedindo aos estudantes que paguem três vezes mais por uma qualidade (de ensino) que provavelmente não será melhor e, talvez, pior".
Ele disse que sua organização fará um abaixo-assinado pedindo uma eleição extraordinária para os cargos dos parlamentares que, durante a campanha, se opuseram aos aumentos nas anuidades e que agora estão defendendo a elevação da taxa. No entanto, não existem leis atualmente que regularizem esses "recalls" parlamentares.
Ajuda aos 'mais pobres'
O ministro de Universidades, David Willetts, defendeu o novo sistema de taxas, argumentando que ele será mais justo que o atual e que ajudará os estudantes mais pobres, já que o governo lhes emprestará o dinheiro da anuidade.
Os estudantes não teriam que pagar nenhuma taxa inicialmente - o empréstimo de anuidade poderia ser quitado quando os formandos já estivessem ganhando um salário anual a partir de 21 mil libras, conta o ministro.
"Estamos colocando poder nas mãos dos estudantes", disse Willetts. "O dinheiro irá para onde eles escolherem, mas eles só terão de devolvê-los quando se formarem e estiverem em empregos bem pagos. Espero que, no final disso, tenhamos um sistema universitário melhor do que o atual."